segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Nem Tudo são Flores-parte VII-final

     Apostar na sorte foi minha única alternativa. Acreditar piamente em que tudo ia dar certo, foi meu porto seguro. Concretizar e processar tudo isso, era a minha missão.
   Não existe vitória meteórica... Aliás, nem posso falar que tive uma vitória... Eu vivo uma vitória diária, num passo a passo, numa luta constante e diária, diria até que, a cada segundo, a cada gesto. 
   A única certeza que eu tenho, é que "eu mesma faço a minha história". Isso ninguém pode me tirar. Até tentam, mas nao deixo!!!
   
   Do "acordar" ao adormecer, uma batalha interminável.
   Cada dia um desafio.
   Assisti ontem ao filme "O incrível caso de Benjamim Button". Gosto de citar filmes, é uma referência pra mim no quisito superação (minha amiga inseparável). No filme, me identifiquei muito com ele. Um ser totalmente "atípico" e ao mesmo tempo batalhando pela sua dignidade e sobrevivência. Ele sabia a hora de recuar, a hora de ir em frente. Sabia das suas limitações, mas também queria e tinha como única opção, ter uma vida normal.
    Às vêzes, é assim que me sinto. Batalhando por uma vida normal a cada instante. Afinal de contas, foi essa a primeira recomendação do Dr. Dagoberto: "Tenha vida normal. Quando tiver uma crise, eu trato."
    A voz dele, ecoa nos meus ouvidos com essa frase, constantemente. É quase que um mantra de sobrevivência para mim.
     Os formigamentos se fazem presentes. Ora mais, ora menos, mas nunca me abandonam, exceto num momento de êxtase total, o que é raro. Êxtase, que fique bem entendido, no meu caso, consiste numa felicidade que me permite "ligar no automático" e esquecer da doença. Nesses momentos, mesmos que breves, eu me sinto curada. Mas, como tudo, ele passa... e passa rápido.
   O braço esquerdo insiste em falhar, e eu, insisto nele! Além de canhota, já fizemos um trato -  "Vai funcionar como o outro, quer queira, quer não. É uma ordem".
   Qualifico minha capacidade diária logo ao me  levantar da cama. Escovar os dentes, abotoar uma camisa, pode ser trabalhoso ou não... Nesses momentos, eu sou a minha médica. Me avalio, me auto examino.
     Às vêzes, quando me sinto cansada, penso em cancelar meus compromissos. Mas aí, me deito de novo, penso em tudo que tenho para fazer, se vale realmente a pena  me levantar, e acabo sempre me levantando.
    Não consigo ficar na cama. Acabo deixando isso para depois. Tenho pressa de viver. A vida me chama, fazer o quê??? E nisso, vão passando os meus dias...
     Aqui, eu termino a saga "Nem tudo são Flores". Mas só essa porque a minha saga, é inteminável. Essa se perdurará para o "infinito e além" ( como diz um super herói do meu filho).
     Externei apenas uma fase da minha vida, mas como tudo, ou como toda vida, terão outras fases. Boas ou não...
   
  

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nem tudo São Flores-Parte VI

  Impossível terminar um texto sem me emocionar...
  Quando começo a escrever, as lembranças vêm à minha cabeça e os sentimentos se confundem em incertezas e superação! Ainda bem que exite a tal da superação!!! Foi assim que eu pude constatar que Deus existe!!!
  Certa vez, vi uma entrevista com o admirável autor Ariano Suassuna, onde lhe foi perguntado se ele acreditava em Deus. Ele disse acreditar em Deus, "Desde quando foi imposto o limite ao ser humano". Ele explicou, explicou, mas se fez entender bem no final. Mas eu, lá no fundo, pensei assim: "Ele está se complicando para explicar, por que nunca passou por nada aque precisasse Dele". Ou seja, nunca passou por uma situação avassaladora, para no final, dizer; "Valeu a pena, Deus existe"!!!
  Ariano Suassuna que me perdoe, eu o entendi! Ele é um grande homem, mas não é obrigado a ter a minha visão!
  Caraca!!! Se põe numa situação de desespero!!! Se vê no fundo do poço!!! Nessas horas, nós temos duas opções: "acreditar ou acreditar". Simples assim...
  Não tem muito por onde escapar...
  Não foi nada fácil tocar minha vida, depois de tantas provações e desesperos.
  Dentes refeitos, aí entra a arte da odontologia somada obviamente, à famigerada "grana".Sem ela, não se faz muita coisa e  com ela, se faz tanto , que a gente se confunde no querer e poder. Mas também, nunca foi tão doído...
   A minha sensação era de: Quando eu tentava respirar, vinha alguém e socava minha cabeça para dentro d'agua novamente.
   Dias e noites intermináveis de muito sofrimento. De deitar a cabeça no travesseiro e ver uma estrada longa e escura, sem atalhos, sem luz, sem vida...sem flores...
   Me apoiei no catolicismo, no espriritismo (por quê não?), e outras tantas. Tudo que me fazia bem!
   Ninguém aprende tendo uma vida de Poliana... Ninguém chega ao topo, se não estiver lá em baixo, ninguém tem êxito, se não passar pela dor.
   Eu prefiro, sem sombras de dúvidas, mil vêzes, ter passado por isso tudo e ter chegado até aqui, do que ficar tomando aquelas picadas intermináveis e doídas. Por mais que tenha me feito chorar, por mais que tenha me feito sofrer.
   Minha marcha não parou por aí... tem muuuuita coisa ainda... muitas alegrias, algumas decepções... tudo que faz parte de uma vida normal. Tudo que um simples mortal  pode passar... e eu posso. Comigo, não podia ser diferente...
   Ainda caminho numa areia movediça. Por mais que as pessoas vejam um arco íris na minha aura, ainda me encontro num caminho em que nem tudo são flores... mas, com um diferencial, sempre semeando...
  

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Nem tudo são Flores-parte V

    E o verão se fazia mais presente... Eu não aguentava mais aquela peruca em atrito com o eu "carpetinho". Era assim que eu chamava... Fomos para Bahia, num resort maravilhoso, "onde tudo são flores" ralmente. Eu já estava só no lencinho. Não dava mais... Não tinha cabimento, eu de peruca na beira da piscina. Naquele sol escaldante! Peguei as velhas "bandanas". Era bandana de tudo quanto é cor. Para cada biquini, uma diferente. Uma viseira para acompanhar (indispensável), e tudo bem! É bom quando ninguém te conhece. Você se vê num território neutro, como se estivesse  numa "terra de ninguém", onde tudo pode! E eu podia!!!!
   Uma mulher encostou em mim na piscina dizendo ao meu ouvido:
   -"Eu já passei por isso, tirei um seio. Hoje, estou aqui"!!!!
   Eu, (numa reação de "Deus me livre"), fiquei calada e deixei-a contar a sua história. Logo chegou o meu marido, achando que ela estava pondo caraminholas na minha cabeça ( ele morre de medo disso). Em seguida chegou o marido dela, abraçou-a e ela só olhou para mim, com um olhar de: "Olha como estou feliz agora"
    Aquela mulher não sabe, mas ela me ensinou muito naqueles dez minutinhos de papo. Em momento algum eu duvidei de que estaria bem como ela. Mas eu sabia que "tudo tem o seu tempo certo".
   Passamos longos e deliciosos dias lá!
   Certo dia, numa sexta-feira inesquecível, arrumamos a mala e "partiríamos" para Campinas. Minha funcionária Cidinha (leal escudeira), me ajudava na função.
   Tudo pronto, caminhei rumo ao elevador. Nesse momento, tropeçei no tapete e fui para o chão. Eu e os meus dentes da frente. Não acreditava no que estava vendo. Minha reação na hora, (depois de me levantar), foi pegar os pedaçinhos  do chão e disse à Cidinha que chamasse meu marido que já me esperava na garagem. Acabou a viagem!
   Entrei no meu quarto, me olhei no espelho e chorei... chorei muito, chorei como nunca!!!!!!! Acho que todo o meu choro, que estava embutido num compartimento muito íntimo, aflorou naquele momento.
   Caraca!!!!!!! Eu me vi careca e sem os dentes da frente!!!!! Nunca imaginei que viria essa cena. Pra mim, foi uma cena tão macabra, que eu me escondia de mim mesma. Não conseguia tirar a mão da frente da boca.
   Meu marido subiu como um raio!!!!!! Me viu chorando em frente ao espelho com a mão na boca. A reação dele na hora me assustou um pouco. Ele tirou minha mão de frente da minha boca com toda força. Eu pensei na hora:"Por quê ele está fazendo isso comigo??? Por quê está fazendo isso com ele"????
   Ver a própria mulher careca e sem os dentes, é a visão do Inferno!!!! Apocalipse Total!!!!! Perdi o marido...
   Pensei que já tivesse passado por todas as provações de um matrimônio... mas vi que eu estava apenas começando...