sábado, 15 de dezembro de 2012

Saga Parte V - Tira-Teima

    Então tá... Acabou minha missão em São Paulo. Pelo menos essa etapa.
    Voltei para Campinas. Primeira providência foi  reformar o meu antigo quarto. Troquei carpete, coloquei papel de parede, comprei cama nova, enfim! Fiz tudo para me sentir bem!
    Transferi meu curso de inglês, vida nova!!!
    Marcos me ajudou na mudança. O que me deixou um pouco frustrada, (confesso). Pô! Era hora dele me pedir em casamento, o cara me ajuda a fazer a mudança! E para longe!!! O fim da picada...
    Mas tudo bem! Continuei minha vida... Ia ao curso de  inglês a noite e de dia não fazia nada... Isso já estava me aborrecendo.
    Até que um dia, no curso, o professor começou a falar de intercâmbio em Londres. Arregalei os olhos!!! Taí, uma boa para mim!!!
     Comecei  a arregaçar as mangas!
     Três mêses em Londres, decidi. Marcos não gostou nem um pouco. Achou tempo demais, um bom sinal! De três passou para um. Como minha mãe não conhecia a Europa, engatei uma viagem para ela também. Ela me encontraria em Londres, no final do meu curso e  vajaríamos pela Europa toda.
      Ela topou! Mas não queria ir sozinha, levou a nossa tia Rosinha a tira colo, sim, porque não era uma viagem que ela,(tia Rosinha),definitivamente, não escolheria. No fim, deu tudo certo, ela amou   e aproveitou muito, sem saber que seria aúltima viagem da vida dela... 
       Paguei meu curso com o meu dinheiro, meus pais ajudaram , minha avó e, consegui fechar a viagem!
      Fui sozinha. Nunca tinha experimentado isso antes! Meu maior desafio!
       Fui com cara e a coragem! Na chegada, já uma surpresa. Encontrei dois campineiros no trem rumo à Victória Station! E eu os conhecia, o Amaury, que eu nunca mais vi, nem em Campinas. 
      Fui direto para um Hotel. A casa de família que eu ia ficar, só estaria pronta  para me receber no dia seguinte.
       Foi muito engraçada minha chegada. Fiquei num hotel sinistro. A janela, dava para um telhado feio e cinzento cheio de sujeira de pombo. Eu olhava para cima e via um céu não muito diferente. Já era tarde, estava com fome. O quarto, parecia um corredor. Mal cabia minha mala. Toda vez que eu tinha que pegar algo, eu  a colocava sobre a cama. Depois, para que eu pudesse deitar na  cama, eu tinha que colocar a mala no chão.
       Eu pensava comigo mesma: "O quê estou fazendo aqui"????
       Minha vontade de não ficar em Campinas, e o silêncio do Marcos era tão grande, que me empurraram a Londres. Que bom que foi para Londres! Hehehehe.... 
       Depois de familiarizar com o quarto, eu  tomei um banho e desci para comer alguma coisa. Quando eu saí na rua, olhei para um lado, olhei para o outro, não tive coragem de dar um passo se quer... Voltei para o Hotel. No corredor, soturno, eu ia andando e ia vendo as bandejas deixadas no chão do lado de fora das portas. Não tive dúvida! Em uma bandeja, peguei um pacotinho (fechado) de salgadinho, na outra, um pacotinho de biscoito, na seguinte, uma caixinha de suco (horrível), de frutas. Tudo fechado, claro!
       Fui para o quarto rapidinho, com medo de alguém ter me visto fazendo essa traquinagem. Depois de me alimentar, mesmo de forma prosaica, liguei para minha mãe, para o Marcos, e dormi.
      No dia seguinte, fui para a casa da Caroline, Peter, Barnaby e Emily. Uma família normal; três gatos, uma casa típica londrina, com aquela imensa escada de madeira carpetada. Tinha carpete até nos banheiros!  Caroline já foi me avisando que  em sua casa, "só se tomava um banho por dia", eu tinha que escolher, de manhã, ou a noite.
      No quarto, estava Mônica, uma colombiana, meio bicho grilo (tudo a ver comigo), e fumante!!!!!  Com isso eu não contava, não tinha escolhido esse quesito. Onde eu fui amarrar minha égua??? (como dizia meu avô).
       Até que ela foi simpática.
       No primeiro dia de aula, fomos juntas comprar o bilhete e tirar a carteirinha de estudante. Depois que cheguei na escola e  conheci  umas brasileiras, nem dava mais bola para ela. Foi recíproco! Ela  estava em outro estágio e acabamos tendo vidas independentes lá. Nem nos víamos na escola.
      Chegou a rolar umas discussões entre nós. Ela queria uma coisa e eu outra. Ela chamava isso de "choque cultural". Quanta soberba D. Mônica! Quem diria que depois você iria aprontar o que aprontou! 
      Curiosos??? Depois eu conto...
      Mas minha vida, claro que não era só isso. Fui a todos os Museus, o maiores e melhores. Conheci muuuita gente legal! Italianos, Suíços,  koreano,  espanhol, e  todos os brasileiros possíveis.  Fizemos uma grande turma!
      Um  belo dia, num domingo chuvoso, acordei gripada. Fiquei de cama o dia todo. O que fez Caroline me levar remédio na cama. E não foi por clemência não, foi porque ela "não queria ninguém doente na casa dela", deixou isso bem claro!
      Legal você estar do outro lado do Atlântico, gripadérrima e ouvir isso da dona da casa!!!
      Eu estava indo assistir  Cats com minha amiga espanhola, mesmo meu primo Gustavo tendo indicado o contrário. Ele me avisara que era chato. Fui mesmo assim. Sou teimosa, "tira-teima" é comigo mesmo!!!
      Essa gripe horrorosa, veio repercurtir em meu organismo, 15 dias depois, quando mamãe e tia Rosinha já estavam lá!
      Um belo dia, estávamos em Veneza e percebi que meu sorriso estava torto. Isso mesmo, eu ria para o lado. Paralisia facial-nervo óptico novamente.
      -Isso já me acontecera, um ano antes em Nova York, quando eu estava com o Marcos e a família dele e tomei muuuita friagem. Era fim de ano-
     Lá de Insbruck-Áustria, falei com o Marcos e o mesmo, entrou em contato com meu médico, na época, um clínico geral. Ele me receitou vitamina B. O Marcos me passou um fax com a receita e eu corri atrás. Estava desesperada.
    Isso nunca  mais voltou...