terça-feira, 19 de junho de 2012

Nem Tudo são Flores-parte IV

   Com a dor, vem o confinamento automaticamente. Não tem como escapar... Aprendi que o valor das coisas está nos mínimos detalhes, nas pequenas coisas. Que um banho frio numa cabeça lisa, pode ser o oázis... aprendi a me conhecer em outra versão,uma versão que jamias achei que iria conhecer... aprendi a me reinventar. Eu tinha duas opções; me deitar na cama e cair na depressão ou me olhar  no espelho e me assumir.Optei pela segunda. Se tem uma coisa que "mora" dentro de mim, essa coisa se chama "esperança". Isso, eu não posso negar. Por pior que a as coisas estejam, eu não desisto, sou teimosa. Eu quero provar e comprovar. Por mais que eu me ferre depois. Mas nesse caso, não tinha mais por onde...
    Me fiz outra pessoa, outro estilo, outra Luciana. Esse foi o pulo do gato!!!
   Nessas horas, não existe manual,não existe regras, não existe padrão. O que existe é você e um espelho. Nesse espelho, você se redescobre. Você lê os seus mais íntimos segredos, sua aura fala, seu espírito grita. Sua dor te ensina.
   Ninguém me ensinou. Ninguém veio me falar: "Olha, eu já passei por isso, e fiz isso, isso e aquilo"... Ali,era  eu comigo mesma.
   A cabeça coçava, era verão! Minha filha me olhava com olhar de interrogação. Ela tinha apenas 1 ano e meio. Meu filho estava sempre do meu lado. Minha mãe estava tramando de raspar a cabeça também. Ainda bem que não o fez. Eu não ia gostar. Essa cruz era minha.
   Mudanças radicais nunca são bem vindas... Foi um momento de reflexão, de muitas descobertas. A família nunca te deixa. Por pior que estejam as relações. Amigos, bem...amigos, nessas horas que você identifica cada um! Esse é para isso, esse é para aquilo, esse eu posso chorar no ombro, esse eu só vou cumprimentar com um sorriso, esse vai chorar junto comigo... Você faz um departamento imaginário e denomina cada sessão, como se sua vida fosse uma empresa. E você descobre que é isso mesmo! Não precisa passar por isso para chegar à essa conclusão.
   Naquele momento fiz uma sessão desapego também. Decidi que não ia mais comprar nada. Fiz um jejum de consumo. Por mais que meu marido goste disso, ele jamais o quis "por esse motivo". (Desculpe querido...). Nesse ponto, eu confesso que sou fraca, mas não dá para ser forte em tudo!!!
   Era Natal... minha família precisava do meu sorriso. Eles queriam me ver bem. Ao mesmo tempo, era importante para mim. Eu queria ser útil e, sobretudo, mostrar isso  para mim mesma. Fiz o Natal em minha casa, recebi 25 pessoas. Dei tudo de mim. Foi muito significativo. Não só pra mim, mas para meu marido, para meus pais, meus irmãos... Meus filhos!!!! Foi sem dúvida um grande desafio, que só veio me fortalecer. As angústias ficaram camufladas numa alegria que eu tirava não sei de onde.
   Eu pus em prática uma Luciana que eu não conhecia...
   Cada abraço, cada sorriso, em tudo eu sentia muito carinho.
   Meu maior trunfo, foi passar por tudo isso e olhar para trás com aquele sentimento de vitória.
   A peruca é uma grande aliada da mulher nessas horas, não tem como negar! Não há mistério, não há técnica. Mas mesmo assim, você sabe que está meio que ,"enganando" as pessoas. Que você não é aquilo, você está aquilo! E as pessoas , por sua vez, entra no esquema "me engana que eu gosto". Eu curtia cada momento como se fosse o único... sabia que num dado momento, eu teria que me assumir. Aquilo não era eterno. E não foi...

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