terça-feira, 13 de novembro de 2012

Saga- Parte II

      E os dias iam passando e eu continuava chutando a sandália... E a secretária continuava me alertando...
      O quê eu poderia fazer? Parar tudo? O médicos falavam que eu não tinha nada, era nisso que eu tinha que acreditar!
      Afinal e contas também, eu não sentia nada além disso.
      Até que, comecei a namorar o Marcos (meu marido).
      Até hoje eu não sei explicar como tudo começou. Marcos era amigo do Luciano, meu ex (e breve) namorado.
     Nos conhecemos no Reveillón de 93/94. Estávamos em Itanhaém, quando recebemos uma ligação do "Marcão", amigo do Luciano que eu nem conhecia pessoalmente. Me lembro muito bem, eram 22:00 hs do dia 31/12/93. Sim, precisamente esse horário. Eu escutando a conversa, olhei no relógio. Guarujá agora??? Como assim???
      Era o "Marcão" nos convidando para ir para a casa dele (que hoje é nossa) na Enseada, naquela noite! Coisa de maluco!!!
      Pegamos as coisas rapidamente e fomos. Estávamos em dois casais. Coisa de jovem... Quando eu faria isso "hoje" ??? Nunca!!!!
      Chegamos lá em uns 45 minutos. Luciano foi chutado! Não gosto disso. Sou chata, esqueceu?
      O primeiro a me cumprimentar foi o "Marcão" (que por sua vez, estava com a namorada), perfumadíssimo! 
      Estava a família toda lá! Mãe, avó, madrinha, tia, irmãos, sobrinhas, cunhadas, cachorro, papagaio, periquito. Que vergonha!!!
      Passamos o Reveillón lá e ficamos para dormir. Que vergonha de novo!!!
      Nos dia seguinte, teve o tradicional churras do Dia Internacional da Paz. O dia estava lindo. Voltamos a noite para SP.
      Meu namoro com o Luciano durou mais alguns mêses, logo terminamos, não era para ser. Em abril de 95, "Marcão" já estava solteiro de novo e, nos cruzamos em Itanhaém.
      Aquela coisa, papo vai, papo vem... Em maio começamos a sair, veio junho, julho, quando de repente, ele estava me deixando na porta do meu prédio, na Vila Mariana e o susto:
      -"Mãos ao alto, passa para o banco de trás"
       Me disse o ladrão!
       Nós estávamos simplesmente sendo assaltados!
       Eram dois homens. Claro que o armado estava comigo.
       Ele pegou no meu braço com uma mão e a outra estava com o revólver. Nunca vou me esquecer daquele cano apontado para a minha cara!
       Eu, num ímpeto de Mulher Maravilha, dei uma bolsada no ladrão, berrei com ele e "pernas pra que te quero"!!! Corri muito!!!!. Logo a frente, havia um
recuo, ali o ladrão não me pegava mais, a menos que a bala fizesse uma curva.
       Eu escutava a voz do Marcos gritando:
       -"Não atira, não atira". O que me fez até encolher as costas.
       Já estava sã e salva, quando eu olhei para trás e vi três cabeças dentro do carro e o mesmo indo embora, pensei: Ferrou!!!
       Entrei na portaria do meu prédio, berrava com o porteiro para que ele chamasse a polícia. Desespero total!
       Eu não sabia telefone de ninguém. O namoro não tinha engatado ainda. Só sabia o nome dele completo, mais nada. Ah! e a chapa do carro.
       Liguei para um amigo em comum. Em dez minutos, Carlão estava lá com Priscila (amigos até hoje) e, fomos para a Delegacia.
       Eu estava sem bolsa, sem lenço e sem documento. Meu pai já estava avisado. Eu teria que dormir na casa dele. Nem a chave do meu apto tinha mais.
       Uma investigadora me mandou ficar quieta e me acalmar. Lá, ninguém passa a mão na sua cabeça!
       Carlão ligava para meio mundo. Santo celular!!! Já existia!!!
       De repente, ele conseguiu falar com o Hélio, irmão do Marcos. Eles já estavam juntos.
       Marcos, foi piedosamente deixado na beira da Rodovia Imigrantes. Mandaram-o descer do carro e não olhar para trás. Mas antes disso, deixaram o RG dele no bolso da camisa. Ele foi caminhando até um restaurante de beira de estrada e ligou para o irmão.
       Nos encontramos na Delegacia. Posso dizer que lá, foi selado o nosso namoro.
      Levei muitas broncas do grosso do delegado. Ele me dizia que "eu nunca poderia ter corrido" e eu (que não sou de ficar quieta), dizia que "graças a isso, estava lá".
     E aí, começou a nossa história...
     Em fevereiro de 96, meu trabalho na Empresa estava minguando. Eu já sentia a batata assar.
     Éramos em vinte numa gerência composta por mulheres donas de casa, mães de família, daquelas que ajudavam no orçamento da casa. Alguém tinha que sair.
     Eu, filhinha de mamãe e papai, eles me pagavam o aluguel, não tinha filhos, compromisso com nada... Fui a premiada!
     Me vi desempregada... Mais uma bomba na minha cabeça...
     E os sintomas sempre permeando todos esses acontecimentos. Muita fadiga, perna adormecida... Mas eu nunca parava! 
      Já tinha ido a todos os médicos, todos foram unânimes em me falar que eu "não tinha nada", então tá, não tenho nada.    
      A tensão é o pior inimigo do ser humano. Enquanto eu estava bem, estava tudo bem, quando não, os sintomas apareciam...    
      Essa demissão foi avassaladora na minha vida...  
      Fiz mil entrevistas, nas mais variadas Indústrias de Cosméticos; nada.                                                                                
        

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