quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Saga Parte III- Ema, ema, ema...

     Bem... Aí, como tudo, começa uma parte meio cômica na minha vida! Ainda bem... Hehehehe...
     Arrumei um emprego de tipo, Assessora de um Senhor  que me conhecia desde pequena e meus pais também. Ele havia entrado no ramo imobiliário e estava cego. Foi isso mesmo que você entendeu: Cego!!!
      Ele precisava urgentemente de alguém que ficasse mesa a mesa com ele. E tinha que ser de confiança.
      Ele conversou primeiro com minha mãe, ela conversou comigo e eu aceitei. Fui ver "qual era a dele"!!!
      O trabalho era fácil! Tirei de letra! Salário ótimo!!!
      Todo mês, lá estava eu num tradicional Shopping de SP fazendo minhas comprinhas. Já fazia isso antes, não posso reclamar, mas dessa vez, estava mais confortável financeiramente. O que a gente mais gosta, é de independência, não é mesmo??? 
      Adorava (e continuo adorando) aquele Shopping. Me dá até hoje, uma nostalgia.
      Nasci em Campinas, mas meus pais já moravam em SP. Cresci nessa cidade. Tenho  grandes lembranças...
      Ia com minha mãe naquele Shopping e, corria por duas rampas enormes que existem lá até hoje. E, hoje... me vejo andando naquela rampa de carrinho automático para não me cansar... Assim, passeio sem estress.
      Me lembro de apostar corrida com minha irmã naquele lugar. Prefiro não me lembrar mais...
      Mas voltando ao assunto, minha vida não tinha mudado muito. Trabalhava bastante, mas era uma coisa mais amena, já que não tinha tanta "obrigação" , sem metas para cumprir todo mês, ou coisas do tipo. Mas nada nunca é bom por completo.
      O trabalho era suave, o duro era aguentar o gênio de uma pessoa bem sucedida nos negócios e mal sucedida na vida pessoal. Era assim que ele se via...  Acho que isso, pra mim, no fundo no fundo, era um "esquenta" do que eu ainda ia passar... Nada é por um acaso.
       Trabalhei seis mêses (por aí), com esse homem. O Marcos não gostava muito, mas não tinha o direito de falar nada. Ficava só de olho!
       Ia todo santo dia para o prédio dele, deixava meu carro, passava para o carro dele e eu que conduzia tudo. Era os olhos dele na rua e  no escritório, embora tivesse pessoas trabalhando direto lá.  Já estava ficando meio estafada.
      Do nada, ele resolvia ir para Itatiba (ver as filhas do segundo casamento), e eu aqui, tinha que ir. Chegava lá, íamos almoçar, sempre em ótimos restaurantes, mas as meninas adolescentes, achavam que eu era "tontinha". Certo dia, a mais velha, me pediu para que eu a deixasse dirigir. Coitada!!! Ela não sabia literalmente com quem esatava falando;  a D. Certinha, esqueceu??? Claro que eu não deixei!!! O carro estava sob meu comando, um deficiente visual como proprietário, uma adolescente querendo pilotar e eu ter que compactuar com isso??? N. A. O. ~.
        Ele nem ousou me falar nada. Sabia que estava errado. Acho que até achou bom. Eu disse o que ele não tinha coragem de dizer.
        Bom, a coisa andava de mal a pior, eu aguentava coisas que não acreditava que estava acontecendo comigo. Foi uma provação tremenda para mim! Em meio àquela situação toda, eu nem  falava nada quando um sintoma começava a querer se revelar.  Caraca, eu estava diariamente trabalhando com um cego! Ia falar de quê? Dormências? Sem comprovações científicas? Ficava quietinha...
       Mas eu sou assim- aguento uma, aguento duas, aguento três, aguento quatro (até que sou boazinha), mas uma hora a coisa explode! Esse é o meu defeito: engolir sapos.
       Até que um dia, ao buscá-lo, (ainda dentro do carro), tivemos uma pequena discussão referente ao meu pagamento. Eu definitivamente não precisava daquilo!!! Tenho família, formação, estava lá mais para tapar um buraco na minha vida, mas não por necessidade. Dei um basta!!!
       Sem dó nem piedade, o deixei dentro do carro dele.
       Discutimos e ele foi intransigente, eu mostrei que consigo ser mais ainda! Não precisava ouvir desaforos.
      Não, não me julguem, não fui tão má assim. Até que calculei bem antes de agir. Ele tinha um celular que manuseava como ninguém!  E ele, com aquela deficiência visual, dava um baile em qualquer um. Era fácil ligar para o apto e chamar alguém para buscá-lo. Não hesitei em deixá-lo falando sozinho. 
      E também, quer saber? Foi bom para ele ver que "tudo nessa vida tem limites", não se aproveita de uma desgraça própria, para se defender dos seus defeitos! Pelo contrário, numa hora dessas, a coisa que a gente mais aprende, é ser humilde...
       Não tenho mágoas, não guardo rancor "dele", mas infelizmente, ele me fez lembrar de, como se diz por aí; ema, ema, ema, cada um com seus problemas!
       Nada é à toa nessa vida. Hoje vejo que precisei passar por tudo isso para entender a minha realidade. Ele não sabe, mas aprendi muito com ele.
      Sobrevivi, sou grata por tudo que passei, me fez e me faz constantemente, uma pessoa melhor.
      Desempregada novamente, mas dessa vez, mais fortalecida! 
     
    

2 comentários:

  1. Que depoimento bonito. Tmb acho q nao devemos aguentar desaforos. Apesar de eu tmb engolir muitos sapos na vida. Mas admiro sua atitude, pois a vida da gente, a gente é q escreve. Sabe, tem muita gente q aproveita de uma situação, como doença, para querer montar nos outros. Acham q porque tem uma deficiencia podem falar o q quiserem q todo mundo tem q aceitar numa boa, mesmo q estejam ferindo ao outro. Acho q esse é o caso do seu ex-patrao. Bola pra frente.

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  2. Obrigada Bia!
    Agora, eu vejo que não foi por acaso que eu passei por isso tudo. O entendo de uma outra maneira... Tudo na vida, é um aprendizado!
    Minha história não pára por aí. Continue acompanahndo.
    Espero poder passar alguma coisa de bom.
    Abraço
    Luciana

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